Aos 17 anos de idade o Djonzinho conheceu a Rosilda, que tinha seus 16 anos de idade, numa festa de casamento.
Os dois, jovens na flor da idade, estavam ansiosos para dançar e demonstrar briosamente todas as suas potencialiades.
Rosilda, menina linda, de olhos e cabelos negros, alta e de sorriso contagiante estava rodeada de moços competitivos, inclusive dispostos a conquistas e brigas sangrentas.
Djonzinho, rapaz charmoso, de olhos e cabelos castanhos, alto, simpático e corajoso não perdia nenhuma oportunidade para marcar pontos dentro da sala de baile.
Assim, todos dispostos, começou o baile logo com o soar do arco do violino, fincado na tradição de Talaia Baixo, musica folclórica do Fogo.
Rosilda, que estava a dançar com seu apaixonado não prestava muita atenção no Djonzinho, porque a família não gostava muito daquela raça.
Djonzinho, muito atento na segunda peça de baile estendeu a mão logo e de seguida convidou a Rosilda para dançar a morna "madrugada".
Num total silêncio, só ouvindo o solo de violino e compasso do violão em harmonia com o do cavaquinho, eis que a Rosilda, quase dormindo no peito do Djonzinho deixa escapar um enorme peido, coisa que o povo, dado à sua cultura, vê imediatamente como algo de maior desprezo e vergonha.
Rosilda, desesperada, quase desmaiou-se de susto e vergonha. Risos e gozação começaram sem parar... Djonzinho, rapaz simpático e humorista assumiu logo de imediato que foi ele quem deu o peido.
De moral bem alto, pôs a Rosilda atrás dele e começou a enfrentar a sala.
Acalmado que foi a situação a Rosilda dançou somente com ele até a festa terminar.
Com o amor bem encaminhado e a família sem força para evitar a tão poderosa paixão da Rosilda resolveram casar-se depois de seis meses.
Anos depois tiveram dois filhos, sendo um rapaz e outra menina. O rapaz foi apelidado de Djonzinho júnior e a menina de Rosilda Júnior.
Percorridos que foram os anos de casamento o amor entre eles começaram a deminuir-se, dado a velhice e doença do Djonzinho. Ele padecia de diarreia, que encomodava bastante a Rosilda.
Chateada com o estado doentio do marido disse-lhe, um certo dia, que ja não aguentava tanta amansada.
Num tom de desavença ameaçou abandona-lo e deixa-lo no cuidado dos seus familiares, porque não aturava mais.
Djonzinho, muito doente e triste disse-lhe: Ah Rosilda! Peido nos juntou e diarreia nos separa!
Ouvido o desabafo do marido, Rosilda murmurou pensativamente e com lágrimas nos olhos ajoelhou-se frente à cama, prometendo-lhe: cuidarei de ti, meu amor, nas horas de alegria e de tristeza, na saúde e na doença; perdoai-me pelas palavras e atitudes ingratas que tive. Amo-te!
Terminada sua promessa, levantou e abraçou-o como se fosse o primeiro dia daquele baile.
Napoleão Vieira de Andrade
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