terça-feira, 14 de julho de 2009

EM DEFESA DE VIOLINO & VIOLAO


Se Santiago é o berço de “Badio”, Fogo é o berço de “Sampadjudo”, donde partiu o povoamento de S. Vicente e o alastramento deste conceito por restantes ilhas. Este conceito, aqui exposto, é uma reflexão simples e que merece estudos mais aprofundado, sem preconceitos de quem é o mais cabo-verdiano e nem quem é o melhor
Estamos chateados com muitos dirigentes políticos e culturais de DJARFOGO, face a mau desempenho e organização cultural na ilha do Fogo, depois da independência de Cabo-Verde.
Estamos contentes com a postura da ilha de Santiago, que pegou do FERRO & GAITA, instrumentos que eram tocados só nas ribeiras, tabernas e festas tradicionais restritos, para, num tom da cultura revolucionária, levá-los ao palco da Assembleia Nacional, plateias, palcos internacionais, festas e festivais de municípios de Cabo-Verde.
Povo de Santiago (badio) está de parabéns nesta luta de valorização de seus patrimónios culturais regionais, que dado aos seus impactos, transformaram-nos em valores nacionais de relevo.
Cabo-Verde tornou-se mais rico com a valorização de Tabanka, Funana, Batuku e Finason, todos, tradições típicas de Santiago, que durante algum tempo tinham sido esquecido. Hoje, dado aos seus valores, são aceites em todas as ilhas, nos festivais e espectáculos diversos.
Com relação ao VIOLINO & VIOLÃO, tradição antiga, que ganhou simpatia do colonizador, bem como de todas as ilhas, tem decaído nos últimos tempos, face a um conjunto de factores culturais que envolveram a nova filosofia politica no campo da promoção cultural.
Dado algumas atitudes (in)conscientes na balança cultural, houve alguma desatenção na promoção da cultura de linhagem europeia, face às de linhagem africana. Desapontado com tudo isso, porque tudo pertence a nossa mestiçagem cultural, reclamamos, desde agora, as atenções que todos merecem na identidade cabo-verdiana.
Nesta luta de promoção e de equilíbrio cultural, acabou-se por estar mais na comunicação social (rádio, televisão, jornais) e também nos projectos de governo e ONG’S a ideia de uma cultura vítima que foi o “FERRO & GAITA”, símbolos da expressão cultural do Funana, Batuku e Finason.
Nesta onda de promoção acabou-se por incluir um conjunto de programas culturais regionais, que, segundo sua dimensão actual, e com politicas tendenciosas, quer “abolir” as outras, quase, querendo dizer: cabo-verdianidade tem que passar pela abolição da cultura de linhagem portuguesa (europeia) e assimilação total das que tem linhagem africana.
Neste processo tido como REVOLUCIONÁRIO, inclui também o famoso ALUPEC como uma agenda cultural regional para travar a luta da CLARIDADE que tem a mesma ligação com o VIOLINO & VIOLÃO.
Não é por acaso que se contesta a Claridade e seu Alfabeto Lusófono. Esta corrente regional vê com sentimento de vítima a história da claridade, seu alfabeto como coisa ligada ao português. Vê de igual modo o VIOLINO & VIOLÃO como coisas ligadas ao português.
Afinal, donde viemos e para onde vamos?
Dizíamos que os cabo-verdianos vieram de um mundo multicontinental e pluriracial, oriundos de cabelos loiros, crespos, olhos azuis, verdes, castanhos e pretos.
Por isso, nossa cultura é tão diversificada e precisa de cuidados que merecem uma nação mestiça.
Não tenho dúvida que as ilhas de Santiago e Fogo foram historicamente pioneiros do povoamento das restantes ilhas.
Sabemos que existiam/ existem (?) duas correntes moderadas da “etnia” em Cabo-Verde e que por falta de estudo de ciências sociais mais aprofundados não assumem a denominação do “ Badio” – grupo “étnico” de escravo que conviveram entre si durante tempos no seu território separado e o “Sampadjudo” – grupo “étnico” de mistura de português e escravo que conviveram durante tempos num território aberto por todas as ilhas.
Se Santiago é o berço de “Badio”, Fogo é o berço de “Sampadjudo”, donde partiu o povoamento de S. Vicente e o alastramento deste conceito por restantes ilhas.
Este conceito, aqui exposto, é uma reflexão simples e que merece estudos mais aprofundado, sem preconceitos de quem é o mais cabo-verdiano e nem quem é o melhor.
Já é tempo de tratarmos com algum cuidado a nossa mestiçagem e valorizar o cabo-verdiano donde ele vier.
Existe a mesma realidade do “ Badio e “Sampadjudo” nos dias de hoje? Com a comunicação, contactos interactivos, laços matrimoniais, missões de serviços do estado entre as ilhas, poderá falar numa linhagem de correntes “étnicas” Badio e Sampadjudo actualmente? Existe aquele “Badio” que muitos reclamam existir actualmente? Existe “Badio” e “Sampadjudo” actualmente?
Continua...
Napoleão Andrade

Sem comentários:

Enviar um comentário