segunda-feira, 8 de junho de 2009

MATANÇAS NA GUINÉ-BISSAU E A DIGNIDADE DOS COMBATENTES CABO-VERDIANOS


Jamais aparecerá um líder como Amílcar Cabral, personalidade politica e militar tão destacada a nível mundial, que conseguiu unir dois povos com problemas nacionais tão adversos como a Guiné e Cabo-Verde, durante a luta de libertação nacional

Para alguém interessado na história de libertação nacional dos povos da Guiné e Cabo-Verde, bem como investigadores da morte de Amílcar Cabral e restantes altos dirigentes da Guiné - Bissau, abrem, nesta conjuntura de sucessivas matanças, novas hipóteses e factos que conduzem a novos raciocínios, mediante cenários que desenvolveram neste país irmão ao longo do tempo.
Jamais aparecerá um líder como Amílcar Cabral, personalidade politica e militar tão destacada a nível mundial, que conseguiu unir dois povos com problemas nacionais tão adversos como a Guiné e Cabo-Verde, durante a luta de libertação nacional.
Tendo como inimigo comum o colonialismo português, soube mobilizar a vontade dos guineenses e cabo-verdianos contra o regime colonial e fazer desta situação a razão da unidade de Guine e Cabo-Verde, durante um curto espaço de tempo (1975 a 1980).
Tanto Amílcar Cabral como os restantes dirigentes cabo-verdianos entenderam bastante cedo os valores militares dos guineenses e suas limitações no campo da educação – factor fundamental para a boa governação do país.
Entenderam também que era difícil fazer a guerra e ao mesmo tempo fazê-los superar culturalmente, quando a situação da luta impunha sacrifícios militares maiores. Daí, o grande reconhecimento de mérito àqueles que entregaram sua juventude e vida à causa da liberdade.
Apesar do mérito desses combatentes, Guiné devia ultrapassar a mentalidade da guerrilha, reformar os velhos combatentes e rejuvenescer sua estrutura de Forças Armadas.
A realidade dos quadros dirigentes do PAIGC, bem como seus comandantes de guerra eram maioritariamente cabo-verdianos, dado ao factor educação. Muitos compreendiam aquela realidade justa e necessária para ganhar a guerra, mas muitos viam e sentiam perante aquela situação um certo complexo de inferioridade, sentimento racista escamoteado de tribalismo e/ou nacionalismo, neste caso os “burbedjos”, cinismo e revolta.
Com fundamento nacionalista e tribalista, dirigentes guineenses reivindicaram, através de um golpe de estado a 14 de Novembro de 1980, que Guiné deveria ser mais próspera, tendo guineenses de gema no comando do país. Assim, com aquele acto, Guiné-Bissau depositara toda confiança no seu ex-presidente Nino Vieira.
Decorridos anos, o país conheceu vários golpes com assassinatos de grandes dirigentes e corrupção a larga escala. Não teve a paz e nem sossego com os guineenses de gema no poder. Faltou aos seus dirigentes encontrar a própria identidade, solidariedade e unidade nacional.
Com as matanças entre os guineenses de gema ficou mais reforçada a dignidade dos combatentes da liberdade da Pátria Cabo-verdiana, demonstrando mais uma vez a civilidade política nacional e internacional.
Ficou claro a grande colaboração e solidariedade dos cabo-verdianos no processo de libertação nacional da Guine e Cabo-Verde.
A postura corajosa e civilizada dos dirigentes cabo-verdianos servirão de exemplos para soldados, sargentos e oficiais cabo-verdianos que, em cumprimento da missão nas Forças Armadas, saberão defender a soberania e instituições democraticamente eleitas.

Napoleão Andrade

1 comentário:

  1. O Exercito jamais deve ser apartidário, apesar dos elementos terem a sua convicção.Neste ponto Cabo Verde, O PAICV deixou um grande exemplo. È uma pena.Cabral foi mais uma vez assassinado com estas cenas violentas!

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