quarta-feira, 14 de janeiro de 2009


PAPEL DOS FOGUENSES NA FUNDAÇÃO DA CAPITAL DO PAÍS

Quando era só o planalto central (chamado plateau) considerado cidade da Praia, digno de um plano urbanístico para concentrar serviços do estado, representações diplomáticas e outros serviços, ergueram-se na sequência desse plano vários prédios de gentes oriundos da ilha do Fogo, como: Serbam, Antoninho Mujota, Vital Moeda, Luar, Felicidade, Edemundo Barbosa, etc, para fincarem o pilar do comercio formal no coração da Cidade Capital de Cabo-Verde.
Mais tarde surgiram os comerciantes Correia, Braz Andrade, Gomes irmãos e centenas de outros dinamizadores de comércios ambulantes no centro de Sucupira e suas praças de negócios na capital, onde progressivamente vem aumentando as dinâmicas para Assomada, Tarrafal e Santa Cruz.
Hoje, com uma percentagem de população à volta de 36 a 40% de foguenses só na capital do país, fica-se de fora qualquer especulação errónea sobre o peso económico, politico, social e cultural que esta ilha (comunidade foguense)tem nesse espaço cosmopolitico cabo-verdiano.
Na fundação da cidade não só vieram homens de negócios mas, sim, todos aqueles talentosos homens de ofícios. Instalaram na capital alfaiates, sapateiros, barbeiros, taxistas, carpinteiros, inclusive, jovens que acabaram-se por entrar na “prostituição clandestina”, dado à falta de legislação sobre este “negócio” que cresce constantemente no mundo moderno com a falta de acompanhamento adequado que se verifica ainda na sociedade urbana.
O impacto desse cruzamento de Djarfogo e Santiago dentro da capital do país transformou não somente os aspectos sociais mas, também, como o cultural, onde se pode perceber a grande diferença que existe entre o crioulo da cidade e o de interior de Santiago. Esse processo de miscigenação crioula tem levado a muitos homens da cultura a pensar sobre a dinâmica da língua no seu aspecto evolutivo, sem subestimar a raiz (arcaica) que se falava/fala no interior da ilha. Alguns experts acham que a língua que se fala na capital representa por força da interligação dinâmica das ilhas o padrão ideal para o crioulo nacional. Mas, sabendo que as particularidades do arquipélago é forte, face a conservação cultural, exige aos governantes uma certa ponderação na publicitação ou super valorização de uma cultura regional em detrimento doutra.
O processo dinâmico da Ilha do Fogo nos aspectos de investimento, e bem como seu enraizamento, ganhou forte impacto na ilha de Santiago, o que, a certo modo, vem evitar o regionalismo que muitos tentam propagar. Os foguenses sempre veram Cabo-Verde numa extensão sem limite e souberam navegar de ilhas a ilhas, assimilando as particularidades culturais, adaptando, inclusive, aos “sotaques” para melhor inteirarem da vida quotidiana do país.
A Cidade Capital merece um olhar político bem assente nos municípes que a constituem, de forma a terem vozes na resolução de vários problemas que afectam a periferia, onde muitos vivem entregues a vários problemas sociais.
Pois, que ouçamos a musica “...é mi propi quê badio...”, sem termos que cantar “...é mi propi que sampadjudo...”, porque cantar e dançar Cabo-Verde deve sobrepor os sentimentos regionalistas que condicionam, negativamente, os propósitos da nossa identidade nacional.

Continua...

Napoleão Andrade

Sem comentários:

Enviar um comentário